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O que fazes aqui Elias? Volte para o seu lugar.

Bispo Márcio Silva.

Elias no capítulo 18 de 1 Reis, era forte e corajoso impressionante. Logo no próximo capítulo ele entrou em pânico e fugiu para salvar sua vida.  A idolatria, especialmente a adoração de Baal, dominava o país de Israel. O rei e a rainha desta nação, Acabe e Jezabel, eram totalmente corruptos. Neste ambiente espiritual desanimador, a voz solitária de Elias soava em oposição. Ele lançou um desafio aos falsos profetas para disputarem para ver quem era o Deus verdadeiro. A competição seria simples: seriam preparados sacrifícios no altar e o deus que respondesse com fogo do céu para queimar o animal seria o vencedor. Os resultados foram inconfundíveis. Os idólatras clamaram a Baal desde a manhã até o meio da tarde, mas não houve resposta. Em contraste, Elias cavou uma valeta em volta do seu sacrifício, molhou o animal com doze baldes de água até o ponto em que a valeta ficou cheia e então, calmamente pediu ao Senhor que o consumisse. O fogo de Deus não somente queimou o boi, mas também as pedras do altar, a água da valeta e até a terra em volta dele. Esta demonstração dramática convenceu o povo, e os falsos profetas foram executados.

Imediatamente após, Elias partiu para o palácio em Jezreel, onde Jezabel mandou dizer que planejava matá-lo no dia seguinte. Desanimado, Elias fugiu. Ele disse ao Senhor que queria morrer e então fugiu durante quarenta dias e noites. Neste caso, a depressão do profeta levou-o a esquecer seu posto de serviço, fraquejar em sua fé em Deus.
Ironicamente, um dos principais fatores que produziam o desânimo de Elias era a grande vitória que ele conseguira no Monte Carmelo contra os falsos profetas.
Vitórias espirituais decisivas são momentos especialmente vulneráveis; somos mais suscetíveis nesses momentos tanto ao orgulho como ao desencorajamento. Neste caso, sem dúvida, Elias previu um reavivamento avassalador. Talvez ele esperasse que Acabe e Jezabel de algum modo conduzissem a nação inteira ao arrependimento. Assim, o desafio continuado de Jezabel foi uma decepção. A mesma coisa pode acontecer conosco. Quando as coisas vão bem, nossas expectativas são grandes. Então vem o revés, e ficamos desencorajados.

É extremamente desanimador trabalhar, trabalhar, trabalhar e mesmo assim não ver resultado positivo. Isto não é incomum. Muitos dos mais diligentes servos de Deus têm experimentado a frustração de ver os pequenos resultados de seu labor. Quando vemos pouco ou nenhum fruto de nossas atividades no serviço do Senhor, precisamos ser pacientes (Gálatas 6:9) e confiar em que a colheita virá (1 Coríntios 15:58).
Elias estava desanimado porque aqueles que deveriam estar servindo o Senhor se esqueciam dele. Acabe e Jezabel deveriam ter sido os guias espirituais daquela nação. A conduta deles era desmoralizante. Para nós, o ser os irmãos que nos desapontam. A oposição do mundo não surpreende, mas quando vemos aqueles que declaram estar servindo o Senhor voltar suas costas a ele, isto se torna mais do que podemos suportar. Isto não é um problema novo. Precisamos continuar servindo a Deus, independente da resposta dos outros.

O desencorajamento de Elias foi a comiseração de si mesmo. Ele estava sentindo pena de si mesmo. Ele sentia que estava só, que todos os outros tinham abandonado o Senhor. É difícil ficar deprimido quando se está fixo na obra do Senhor, mas quando se está pensando principalmente em si mesmo, o desânimo quase sempre acontece.

A culpa era uma causa final da depressão de Elias. Ele tinha abandonado sua responsabilidade e agido sem a orientação de Deus. Ele sabia que estava errado porque estava na defensiva quando o Senhor falou com ele. Precisava de perdão e necessitava voltar ao seu posto de serviço. A culpa freqüentemente produz depressão. Algumas vezes, quando estamos abatidos, não precisamos simplesmente arranjar um modo de sentir melhor, mas precisamos de arrepender.

A pergunta de Deus
"Que fazes aqui, Elias?" (1 Reis 19:9, 13). Aqui estava um homem bom e justo que tinha caído. Como Deus lidaria com ele? Deus não ficou aborrecido ou desistiu dele. Por outro lado, Deus também não o mimou. O Senhor desafiou-o diretamente, ajudando-o a superar seu desânimo, e reassumir seu serviço fiel. É encorajador perceber que Deus cuida de seus servos fracos e decaídos, e que ele trabalha para encorajá-los e restaurá-los.
Quando o Senhor visitou Elias na montanha e perguntou o que ele estava fazendo ali, Deus lhe disse para sair "e põe-te neste monte perante o SENHOR." Deus mostrou a Elias um vento grande e forte que quebrou as rochas da montanha em pedaços, depois revelou um terremoto e depois um fogo. Cada um deles demonstrava o poder de Deus, algo que Elias precisava ver urgentemente. Ele precisava de mais confiança no Senhor; precisava ver quem estava ao seu lado. Mas, surpreendentemente, o Senhor não estava no vento, nem no terremoto, nem no fogo. Por fim, Elias ouviu um sopro suave e ali estava o Senhor! A lição parece ser que precisamos confiar no Senhor até mesmo quando não vemos nada dramático. Deus pode trabalhar quieto, por meios pequenos e aparentemente insignificantes. Precisamos deixar mais nas mãos de Deus e não esperar que ele sempre opere de uma maneira dinâmica e impressionante. Elias estava esperando um vento, um terremoto e um fogo, mas o Senhor estava num som soprado suavemente. Em tempos de desencorajamento, confiemos no Senhor, esteja ele agindo sensacionalmente ou imperceptivelmente.

Deus deu a Elias uma tarefa para cumprir. Ele lhe disse que ungisse Azael como rei sobre a Síria e Jeú como rei de Israel, e Eliseu como seu próprio sucessor. Elias precisava apressar-se; sua inatividade lhe havia dado simplesmente mais tempo para se lamentar. Dificilmente, ficamos deprimidos quando estamos ativos. Mas quando nos sentamos e remoemos um pensamento, então ficamos desanimados.

Finalmente, o Senhor falou a Elias sobre os 7000 que jamais haviam se prostrado diante de Baal. Elias não tinha percebido aqueles que eram os verdadeiros servos do Senhor. Ele nunca tinha observado que não era realmente o único restante. Quando estamos desencorajados, nossa tendência é pensar que tudo e todos estão contra nós. Precisamos reconhecer as coisas boas como as más.
Os cristãos ficam, às vezes, desanimados. Nesses momentos precisamos voltar-nos para o Senhor e permitir que ele nos ajude a superar a depressão, para que não nos enfraqueçamos e nos afastemos dele. E para nós, como para Elias, as soluções são relativamente simples. Precisamos de mais confiança no Senhor, até mesmo quando não o observamos operando de modos dramáticos. Precisamos nos levantar e nos ocupar, deixando de pensar em nós mesmos. E precisamos ver o bem à volta de nós e passar mais tempo com o nosso Senhor.


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