Bispo Márcio Silva |
A joia perdida / ilustração
Aproximou-se dele e disse:
-- Pareceis muito preocupado. Posso ajudar-vos em alguma coisa?
-- Ah! - respondeu o árabe com tristeza - estou muito aflito, porque
acabo de perder a mais preciosa de todas as joias.
-- Que joia era essa? - perguntou o viajante.
-- Era uma joia como jamais haverá outra - respondeu o seu interlocutor.
Estava talhada num pedaço de pedra da vida e tinha sido feita na oficina do
tempo. Adornavam-na vinte e quatro brilhantes, em volta dos quais se agrupavam
sessenta menores. Já vereis que tenho razão em dizer que joia igual jamais
poderá reproduzir-se.
-- Por minha fé - disse o viajante - a vossa joia devia ser preciosa.
Mas não será possível que, com muito dinheiro, se possa fazer outra igual?
Voltando a ficar pensativo, o árabe respondeu:
-- A joia perdida era um dia, e um dia que se perde jamais se torna a
encontrá-lo.
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